quinta-feira, dezembro 28, 2006
posted by XAyiDe at 4:20 da tarde
En la feria ya es hora de cerrar
Tus caballos dejan de girar
Puedes recoger tu amor hasta mañana
Pero un hombre de gris aún sigue allí
Tiene algo y quiere algo de ti
Que te vaya bien, Miss Carrusel
Aquí ya no pinto nada

Volverás cuando estés limpia
Y yo no te haga falta
Gritaré lleno de orgullo
Tu nombre en el andén

Y la gente aquí te podrá decir
Que el que algo quiera conseguir
Lo hará con sudor y con trabajo duro
Pero en la ciudad nadie sabe más
Que aquella que los ve girar
Tu haz tu papel, Miss Carrusel
Que ellos harán el suyo

Y quieres esconder tu colchón de piel
Pero cuántos hoy han dormido en él
Y cuántos más dormirán en él mañana
Y cuando entre el sol en tu habitación
Bucarás agua y jabón
Y frotarás tu piel, Miss Carrusel
Pero no servirá de nada

Y otra noche más tú querrás soñar
Pero la más pura soledad
No se cura con champán y cocaína
Un hombre del sur bajará la luz
Jugarás tu suerte a cara o cruz
Sé que suena cruel, Miss Carrusel
Pero esta es tu vida

Y juras otra vez que no quieres volver
A despertar muerta de sed
Y con un puñal hundido en el pecho
Es de noche y con un hilo de voz
Me preguntarás qué día es hoy
Y querrás volver, Miss Carrusel
Para deshacer lo hecho

Y te prometo que si te vuelvo a ver
Tan hundida trataré de hacer
Lo imposible por ponerte una sonrisa
Pero una vez más desaparecerás
Y aunque alguien se pueda extrañar
Yo sabré entender, Miss Carrusel
Sabré entender tus prisas.

Nacho Vegas
 
posted by XAyiDe at 3:52 da tarde
Não poderia deixar de contar este episódio. Para além de me trazer memórias de infância, dá conta de como os equívocos podem ultrapassar gerações. A premissa era básica: onde há fumo, há fogo. E o ditado popular encaixa que nem uma luva nesta história, que versa sobre a capacidade que as pessoas têm de estabelecer um código para conversar com os seus e de como muitos dos códigos são apenas variações equivocadas do que conhecemos.
Ora a minha avó era uma senhora e a realidade batia-lhe à porta todos os dias. Às vezes, ela abria a porta; às vezes não. A maneira que ela arranjou para comunicar com os filhos foi inventar palavras que começaram a fazer parte da realidade intra-portas e que foram tendo eco nos filhos, que entretanto , já crescidos, diziam sem pensar as palavras como se de facto fizessem parte do mundo linguístico que todos temos ao alcance dos compêndios. Algumas dessas palavras habitam na minha casa. Acho-lhes piada, mas não as convido para jantar.
Uma delas serviu de mote para um exercício que fiz aqui há uns dias.
SANAPISMO
Vasculhei no dicionário à procura de uma palavra que pudesse corresponder...E encontrei: Sinapismo (inoportuno, maçador). A minhã mãe usava Sanapismo para dizer mais ou menos a mesma coisa e curiosamente nunca a utilizou como adjectivo - sanapista -(que de facto na palavra original também não existe)mas apenas porque sim. Elas continuam a pensar que a palavra não existe, será que lhes digo que a forma correcta apenas passou de moda?
 
segunda-feira, dezembro 25, 2006
posted by XAyiDe at 6:56 da manhã
5h00. O despertador pipila, os olhos descolam, primeiro bocejo.Onde estou? Ah, a meio caminho entre a casa de banho e a pilha de prendas que se espalhou casa fora. Restos de um natal com embargo espalham-se na mesa e nas cadeiras, está frio lá fora e a cama sente-se injustiçada por ter sido abandonada tão cedo.Saio de casa. Ninguém na rua. O carro guia-me até ao trabalho. A voz entaramela-se-me antes de entrar no ar, hora após hora.
Bom dia!
 
sábado, dezembro 23, 2006
posted by XAyiDe at 3:24 da tarde
pois é, caríssimos, parece que o blog assimilou as tendências para o drama nesta estação...E todo ele se vestiu de negro. Vá lá perceber-se porque raio a máquina ganha vida própria e decide um luto temporal...
Acho que o problema está resolvido, though. Já limpei o pó às teclas, já espanei o header, dei comida aos monstros e mudei a areia aos comentários.
 
terça-feira, dezembro 19, 2006
posted by XAyiDe at 9:11 da tarde
Este ano a gaja lixou-me. Veio mansa, pouco engalanada. Seduziu os meus pulmões, beijou a minha língua, levou o meu corpo para a cama. Eu e o vírus transformámo-nos num só. Os meus olhos choram ininterruptamente, a garganta queima a par com os cigarros no cinzeiro que se fumam sozinhos porque eu não posso, o corpo estala, tosse e range como porta velha. Estou de quarentena e nem sequer fui à lua.
Atchim!
 
quinta-feira, dezembro 14, 2006
posted by XAyiDe at 3:46 da tarde
Quando o sol vai alto, a mente desperta a muito esforço ao ritmo de cafés tomados na vertical. No corredor dos dias, muita gente se cruza. Os olhares, esses, estão cravados nas paredes, ou nos umbigos. Uma piscadela de olho significa intimidade de muitas saudações feitas ao longo dos anos num mesmo corredor, as cumplicidades medem-se pela quantidade de informação que podemos (ou não) revelar. Afinal, que sabemos nós? Une-nos o trabalho, as relações cruzadas ou paralelas, as questiúnclas de corredor, o gosto (ou a falta dele) por aquilo que fazemos. Perdi a conta aos cafés que tomei nos últimos tempos, a voz enegreceu ao ritmo de cigarros fumados até ao osso. Ainda não tenho pieira, mas é so uma questão de tempo. A normalidade é bipolar, mas hoje estou feliz. Só ainda não me dei ao trabalho de levantar os olhos do teclado.
 
domingo, dezembro 10, 2006
posted by XAyiDe at 11:14 da tarde
Corre o risco de se tornar num diário idiota.Corre.Corre que o risco foge.

Odeio-te. A ti que não tens nome nem corpo nem rosto nem gostos nem familia nem choras nem pedes nem olhas nem chamas nem amas nem odeias nem existes. Preciso de odiar-te para me lembrar que estou viva.Preciso de odiar-te para sentir que ainda tenho forças para isso. Porque neste momento não quero saber. Estou enjoada. Acho que a minha paciência se esvai em cada comprimido que tomo.
 
posted by XAyiDe at 2:11 da tarde
Começo a ter a sensação de que as pessoas já assimilaram tão bem o conceito de super-mercado que confundem as relações sociais com caixas de ovos, leite ou tira-nódoas. Não está ao alcance dos olhos, não compramos: é basicamente isso. Ainda por cima quando as prateleiras de nomes se sucedem caoticamente no telemóvel e os carrinhos dos dedos não estão programadas para uma prateleira específica. Quando não sabemos o que queremos comprar, ou quando não temos a certeza do que precisamos andamos às voltas à espera que:
- a vontade cresça
- nos aborreçamos
- apareça alguma coisa estupidamente desnecessária e gira.
Pois que sem contacto visual isso não acontece.Porque as pessoas, como as embalagens, são feitas de matéria, de marcas, de cores. Pacote aberto, consumo rápido, validade curta.
 
sábado, dezembro 09, 2006
posted by XAyiDe at 3:32 da tarde
Estou numa espécie de abrigo anti-aéreo contemporâneo. Tem uma janela lá no tecto, longe, fechada, que encerra uma nesga de céu. Através dela sinto-me peixe num aquário seco a testemunhar a dança da água e das folhas bem por cima da minha cabeça.
 
sexta-feira, dezembro 08, 2006
posted by XAyiDe at 5:10 da tarde
(...)
Fala comigo na palavra falsa da fantasia
chovem amigos na festa da praça no meio dia.
É certo que as flores parecem maiores
que toda a virtude do mundo:
com um pouco de sexo, ou muita poesia, ainda me sinto
profundo.

[Se este mundo fosse feito para ser doce, eu seria
doce, fosse eu quem fosse].
(...)

Quinteto Tati
 
posted by XAyiDe at 4:44 da tarde
Corações de atum tocando na estereofonia. Vidros embaciados pelo frio que faz lá fora.E cá dentro. Fadinhas do lar que não aparecem, por mais que esfregue o pano. Sonhos piegas, cigarros fumados a 80 por cento, meia toillete e meio dia para gozar.
 
terça-feira, dezembro 05, 2006
posted by XAyiDe at 1:00 da tarde
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão
 
domingo, dezembro 03, 2006
posted by XAyiDe at 10:44 da tarde
5 relógios que não funcionam
Um telemóvel que desperta quando lhe apetece
Um computador com um hóspede intencionado
Um mp3 amputado
Um forno avariado
Uma máquina de lavar roupa com vontade própria
 
posted by XAyiDe at 10:00 da tarde
Domingo no mundo e aqui também.Preguiçam-se os minutos passados entre as brancas da memória, que já eram antes de o ser. Doem-me os ombros de tanto os encolher. Sorriso plástico, olhos cansados, rouca de clichês. Se vontade houvera, quantas coisas poderiamos suspirar...Entre bochechos e bocejos emolduram-se sentimentos que são tão mais bonitos quando teóricos, quando fotografias de palavras...Tenho pena de não conseguir dizer-me-te-vos o quanto me angustia não saber como, quando e porque vou eu acordar amanhã...