sexta-feira, março 30, 2007
posted by XAyiDe at 11:18 da tarde
Morreu o senhor Panini.
O senhor dos cromos.
Aquele que vinha escrito a vermelho com umas pintas engraçadas nos is.
Aquele que teimava em vender-nos os cromos que já tínhamos.
Aquele que nunca nos explicou que podíamos fazer batota e encomendar os que faltavam.
Viva aquele que não era só senhor dos cromos.
E que para mim era apenas uma marca.
Viva o senhor Panini.
Viva.
posted by XAyiDe at 10:54 da tarde
Eu.
Um.
Umbigo.
Um.
Só.
Eu.
Eu.
E eu?
quinta-feira, março 29, 2007
posted by XAyiDe at 11:50 da tarde
Pensava que a mão era demasiado pequena para impedir que o mundo lhe caisse em cima. Ficou marreca, por aquiescer que ele vivesse todos os dias à custa das suas costas.
posted by XAyiDe at 11:49 da tarde
Quantos espirros são precisos para afastar a Primavera?
quarta-feira, março 28, 2007
posted by XAyiDe at 8:57 da tarde
A rima perdeu a vogal que lhe dava a graça.
Procurou-a entre estrofes, não estava;
Perguntou ao soneto, nao viu;
Espreitou no verso, não encontrou.
Estava a rima posta em desasossego,
quando a vogal a chamou,
Disse-lhe não tenhas medo!
E a rima..sem medo...
Rimou.
posted by XAyiDe at 8:54 da tarde
Sonhei que sabia a mar
Sonhei o ar irrespirável
Sonhei o escuro, a calma
Sonhei o subir das marés
Sonhei carícias de limos
Sonhei a pedra lisa, na qual me sentei...
A admirar o meu próprio afogamento.
terça-feira, março 27, 2007
posted by XAyiDe at 3:59 da tarde
Lembro-me bastante bem daquele fim de tarde nas ruas da baixa de Lisboa. Não demorei a dar com o recanto no qual se refugiaram a comer caracóis, apesar de para mim, na altura, a cidade não passar de um ruas cruzadas com as poucas referências que tinha conseguido acumular. Nesse final de tarde as horas passaram por mim a correr, como de resto passaram muitas outras que se tornaram, felizmente, um hábito nas nossas vidas. Nessa altura nem eu nem tu tínhamos certezas. Como agora. Ganhámos coragem, entretanto. Poderiamos ser personagens de uma série que vai já na terceira season.E acaba com um final triste: a tua partida. Todos sabemos que precisas de ir.Todos sabemos que poderás não voltar tão cedo, ou, pior, que podes voltar mais rápido do que (nos/te) prometeste . Quis repreender-te mil vezes, mas acho que não fui capaz. Nada posso contra uma incerteza tão firme como a tua. Nada posso contra uma vontade tão ingénua como a tua. Não sei se os poucos anos que nos separam foi o tempo que demorei a aprender a ser cínica. E, por isso, se tens qur ir, vai. Se acreditas no amor, vai. Antes que te tornes cínico como eu.
sexta-feira, março 23, 2007
posted by XAyiDe at 11:52 da tarde
Terminou a semana...Não tarda estou como o camelo do post anterior.Faltam 8 minutos (porque de tempo me alimento) , uns quantos mil caracteres transformados em sonoro adeus....e 7...e 6...e ponho os últimos 5 minutos no bolso amarfanhados entre as notícias que não dei.
quarta-feira, março 21, 2007
posted by XAyiDe at 2:19 da tarde
"Aceptan todas las solicitudes de paso de frontera, pero Guk, camello, inesperadamente declarado indeseable. Acude Guk a la central de policía donde le dicen nada que hacer, vuélvete a tu oasis, declarado indeseable inútil tramitar solicitud. Tristeza de Guk, retorno a las tierras de infancia. Y los camellos de familia, y los amigos, rodeándolo y que te pasa, y no es posible, por que precisamente tú. Entonces una delegación al Ministerio de Tránsito a apelar por Guk, con escándalo de funcionarios de carrera: esto no se ha visto jamas, ustedes se vuelven inmediatamente al oasis, se hará un sumario. Guk en el oasis come pasto un día, pasto otro día. Todos los camellos han pasado la frontera, Guk sigue esperando. Así se van el verano, el otoño. Luego Guk de vuelta a la ciudad, parado en una plaza vacía. Muy fotografiado por turistas, contestando reportajes. Vago prestigio de Guk en la plaza. Aprovechando busca salir, en la puerta todo cambia: declarado indeseable. Guk baja la cabeza, busca los ralos pastitos de la plaza. Un día lo llaman por el altavoz y entra feliz en la central. Allí es declarado indeseable. Guk vuelve al oasis y se acuesta. Come un poco de pasto, y después apoya el hocico en la arena. Va cerrando los ojos mientras se pone el sol. De su nariz brota una burbuja que dura un segundo mas que él. "
Cortazar,Material Plástico
posted by XAyiDe at 2:08 da tarde
Não fosse o périplo da busca de emprego, poderia dizer que já não escrevo uma carta há anos. E, como eu, 70% dos portugueses. É de tal ordem que não raras vezes vemos caras baralhadas a apontar para um envelope em branco sem saber muito bem qual é o seu lugar... As letras manuscritas tornam-se raquíticas, com excessos de tinta aqui e ali, desalinhadas. Parece que se juntam todas a atestar quão estúpidos somos para preferir o barulho das teclas martelando a uma rapidez impressionante. Qualquer dia desaparecem canetas, lápis e marcadores,desaparece o abc e teremos todos que fazer fisioterapia para conseguir arranhar umas linhas remotamente parecidas àquelas que nos recusamos hoje a escrever.
sexta-feira, março 16, 2007
posted by XAyiDe at 3:20 da manhã
É a socielite do top link. Blinkando te tornas matéria, pergunta, rotina. Comment(ador) de vidas alheias, onde julgas encontrar uma almofada com o teu nome. Na tribo dos sem nome, ou dos cem nomes, podes ser dez em um.Ou nenhum. Vivemos de post(a)s..e às postas.
posted by XAyiDe at 3:13 da manhã
Foi preciso chegar aos 25 anos para sentir as paredes frias da incerteza de uma resposta de bata branca. Foi preciso ir pela mão, qual catraia de 10 anos, e falar muito e depressa para não pensar nas vidas e nas dores que roçavam por mim. Foi preciso resumir a minha vida em 3 minutos. Foi preciso esperar e observar o bailado branco que tranquilamente se arrastava nas horas mortas de uma qualquer urgência que não chegava. Porque para mim, para nós, o tempo urge. Para eles, o tempo serve para nos fazer viver.
quinta-feira, março 15, 2007
posted by XAyiDe at 11:25 da manhã
Dá-se costela a quem souber tocar xilofone.
terça-feira, março 13, 2007
posted by XAyiDe at 2:47 da tarde
O nariz. Novo conceito: nasalizar. Ai.
quarta-feira, março 07, 2007
posted by XAyiDe at 5:15 da tarde
Disciplinar vontades. Escrevinham-se intenções em post-its amarelos, lembram-se momentos "en passant" em quadros de lousa comprados num qualquer bazar, carburam-se auto-sanções, "que a vida não é isto", que "é preciso fazer coisas e consonantes com o que nos cresce no peito"..e aí fica, alegremente, a embargar-nos a voz.
Há conversas que já tive comigo mil vezes.Ainda assim , continuo a achar que faço parte de um mundo de névoa, do é para já, do hei-de.
Parece que ninguém consegue desprender-se do cheiro a chocolate do leite bebido à pressa nos corredores da escola, quando os mestres nos eram impostos, e, bem-postos nos ensinavam tudo aquilo que aprendemos agora a desconstruir.
sexta-feira, março 02, 2007
posted by XAyiDe at 1:05 da manhã
Olá.Olá.
Então?que tal?
Não sei, o mesmo.
De agora? De sempre?
Sei lá. Daqui.De dentro.
Dentro em breve?
Não sei. Dentro de mim.
Ah. e de resto?
Sim. Não há de resto.
Ah ok. Pois.
Bom..
Sim, adeus.
Pois, adeus, até à próxima conversa disparatada.
posted by XAyiDe at 12:51 da manhã
O que sabemos habita uma espécie de gaveta das meias. Nalguns quartos, caótica, noutros organizada, noutros misturada com outras miudezas mais ou menos obscuras. As malhas soltas incomodam o olho clínico de alguns, há quem diga que os borbotos são estatuto, desleixo, ou meras impressões da vida que passa. Há quem as deixe à solta, háa quem as esqueça num canto do quarto, e quem prefira coleccionar as dos outros. Reparei hoje que as minhas se misturam organizadamente com o resto da roupa interior. Ainda não consegui perceber porquê.