Lembro-me bastante bem daquele fim de tarde nas ruas da baixa de Lisboa. Não demorei a dar com o recanto no qual se refugiaram a comer caracóis, apesar de para mim, na altura, a cidade não passar de um ruas cruzadas com as poucas referências que tinha conseguido acumular. Nesse final de tarde as horas passaram por mim a correr, como de resto passaram muitas outras que se tornaram, felizmente, um hábito nas nossas vidas. Nessa altura nem eu nem tu tínhamos certezas. Como agora. Ganhámos coragem, entretanto. Poderiamos ser personagens de uma série que vai já na terceira season.E acaba com um final triste: a tua partida. Todos sabemos que precisas de ir.Todos sabemos que poderás não voltar tão cedo, ou, pior, que podes voltar mais rápido do que (nos/te) prometeste . Quis repreender-te mil vezes, mas acho que não fui capaz. Nada posso contra uma incerteza tão firme como a tua. Nada posso contra uma vontade tão ingénua como a tua. Não sei se os poucos anos que nos separam foi o tempo que demorei a aprender a ser cínica. E, por isso, se tens qur ir, vai. Se acreditas no amor, vai. Antes que te tornes cínico como eu.