Carmencita era muito dócil(...)A mãe de Carmencita olhava dia e noite por Carmencita, fechando-a numa vigilância de muralha erigida contra os engodos do mundo. Quando Carmencita fez doze anos, a mãe de Carmencita ficou preocupadíssima. Pensou: "quando a minha filha menstruar, adeus candura doirada". Mas conseguiu resolver o problema. Quando viu Carmencita ficar pálida pela primeira vez, atirou-se para a rua como uma doida e dentro em pouco voltava com um grande ramo de flores vermelhas. "Toma minha filha,toma, começas agora a ser mulher".E Carmencita, enganada com aquelas flores vermelhas,esqueceu-se de menstruar.
(...)
Carmencita fez quarenta anos. (...) A esta idade, veio um mês em que Carmencita não teve olheiras, e nesse mês a mãe trouxe-lhe um ramo de flores brancas. "Toma, minha filha, é o último ramo que te ofereço, já deixaste de ser mulher".Carmencita sublevou-se. "Mas, minha mãe, não cheguei a aperceber-me do que fui".Ao que a mãe respondeu: "pior para ti, minha filha". Aquele ramo Branco,já murcho, já sem folhas, amarrotado, hirto, foi tudo o que puseram no ataúde de Carmencita."
Buñuel in
Os poemas de Buñuel