terça-feira, novembro 07, 2006
posted by XAyiDe at 11:17 da tarde
As paredes estavam sufocadas em papel dos anos setenta. Era uma sala oval,utilizada algumas vezes para festas em que os convivas fazem quilómetros entre a mesa dos acepipes e os sofás que estão pejados de olhares perdidos. O chão, de cortiça, tinha marcas de saltos de várias gerações e ondulava ao sabor e ao ritmo dos passos de outrora. Agora, o ritmo era marcado pelas moscas, que,cegas, batiam incansavelmente nos vidros a tentar fugir de um deserto de sabores que apenas elas (e as pessoas) conseguem apreciar. O pó espalhou-se por cada milímetro quadrado e o cotão brotava dos cantos como qualquer erva daninha doméstica que só necessita de um milímetro quadrado para crescer. Esta podia ser uma qualquer sala fechada a qualquer momento nas nossas vidas.