Latência.E paciência. Corpo adormecido, dorido de perguntas. Porquê, porquê.Porquê? Vozes que se sobrepoem, fazem coros, ecos e barulho. Troca-se honestidade por dá cá aquele conforto?Trocam-se confidências por competências? Constroem-se críticas ou contraem-se empréstimos protectores? às vezes os pntos de interrogação parecem forcas, sempre demasiado perto de um ponto final.

O cabelo repuxado para trás cativo num totiço era a única semelhança entre elas. 20 fatos de ballet cor de rosa rodavam tutus num palco que aos 7 anos parecia não ter fim. Lá no fundo,um fato de ballet vermelho-cereja quebrava a harmonia cromática.Dançava corcovado, em forma de interrogação e não tirava os olhos das sabrinas. Era a principal personagem secundária, sem querer.

"Não me interpretes mal
Não troques os sinais
Tu sabes que no fundo
Bem lá no fundo
Somos todos iguais
Malhas caídas
Esperança e pouco mais.
Não me interpretes mal
Não me queiras julgar
Sabes que a solidão
Deixa a razão
Fora do seu lugar
Malhas caídas
Pontas por apanhar.
Vá
Afasta esse olhar
De quem nunca viu
Uma mulher pronta p'ra dar
E p'ra tirar tudo o que quer.
Vá
Rasga-me a roupa
Salta esse muro
Todo o passado
Todo o futuro
Porque nós somos
Do mesmo lado escuro.
Não me interpretes mal
Somos iguais na dor
Tu vais ver que afinal
Basta uma chama
Um pouco de calor
Basta uma chama
Um pouco de calor..."

Assobio da Cobra

Mais uma vez
e outra
e outra
a cadência
da decadência
dos acentos circunflexos
e circundantes
redundantes.

Somos corpo
um e só
às vezes dois
a muito custo
outras vezes
à justa.

Matéria
Matemática
= 0.

We're tiny, we're toony, we're all a little looney,
And in this cartoony, we're invading everything
We're comic dispensers, we crack up all the censors,
On TINY TOON ADVENTURES get a dose of tragedy!

So here's Virusland, it's a whole wide world apart,
Our home sweet home, it stands alone, a virus work of art!
The scripts were rejected, expect the unexpected On TINY TOON ADVENTURES
--it's about to start! They're furry, they're funny, they're Babs and Buster Bunny,
Montana Max has money, Elmyra is a pain!
Here's Hamton and Plucky, Dizzy Devil's yucky,
Furrball's unlucky, and Gogo is insane!

At virus Looniversity we earn our toon degree,
The teaching staff's been sneezin´ since 1933!
We're tiny, we're toony, we're all a little looney,
It's TINY TOON ADVENTURES, come and join the fun! ...
and now your pneumonia is done!

Gosto de mim porque gosto,
Gosto de mim porque sim.
Gosto de mim porque aposto,
Que mais ninguém gosta de mim.

"Na manha seguinte ela telefonou à mãe a dar a notícia. Ao cabo de um longo silêncio a Mamã disse: "Ele deve ser muito bom rapaz, minha querida, mas não podias ter arranjado uma pessoa como tu?"Laura ficou humilhada com a pergunta."Uma pessoa como eu?O que queres dizer com isso?"Berrou pelo telefone."Um especialista em Joyce?Uma pessoa com um metro e cinquenta e oito de altura?Uma mulher?"

Oriente, Ocidente
Salman Rushdie

Quantas mentiras cabem na tua boca? São pretas, brancas ou cinzentas? São de digestão fácil?Custam a engolir? São frias, quentes, crocantes, desesperantes?

Arranjei uma velha jaula de plástico, daquelas pequeninas nas quais todos imaginámos (ou tivemos) um grilo. Coloquei lá um relógio. Pus-lhe uma pilha. Acho que ele não gosta de alface.

Sábado. Com Chet Baker a bater o contra-ritmo nos meus dedos.O jornal está espalhado pela mesa da sala, a cama ainda desfeita, o sono não mora cá. Cheira a café na casa da família. Quando se passa o tempo a correr, há coisas que ficam esquecidas nos bolsos da memória, como se fossem trocos de somenos importância. E às vezes só nos lembramos que também cá andamos na vidinha quando fazemos demasiado ruido. E porque os outros se queixam.

O meu corpo está enjoado de mim.
Diz-me, aos soluçoes, que já não me quer
Assim.
Dei-lhe descanso até à exaustão, mas ele não quis saber.
Tem azia de mim
Tem agonia de mim
Tem vómitos de mim
Não tem pena de mim.

É a teoria do copo meio vazio/meio cheio.É a conspiração do umbigo. É alvorada desarvorada e tudo a correr atrás dela. É um piripaque. É um início do caminho.É o início do buraco que havia de estar onde antes havia caminho.É um grito.É o silêncio. É uma e outra coisa: parvoíce.

O tempo aninhou-se a lamber os minutos que lhe saiam do pelo. Uma grande poça de hora se havia formado entretanto; e o tempo, moribundo e meditabundo, não conseguia deixar de pensar que estava cada vez mais perto do fim.
Pariu tempo, aqui há uns anos.Tranquilamente.
Depois veio a angústia da espera.
A apneia do presente
A apoplexia sem futuro
E depois? Tranquilamente.
Foi para o tempo que o pariu.