Nas costas levava a lente do mundo. Chamavam-lhe louco quando dizia que a melhor companhia é aquela cidade que deixamos que siga o rasto dos nossos passos sem que lhe prestemos atenção. Chamavam-lhe louco quando acreditou que a chuva que caiu durante o tempo narrativo se devia a uma divina tristeza que o divino acaso deixou escapar. Chamavam-lhe louco porque, de perna partida, trotava nas ruas de lisboa à procura de corvos, acabando sempre a tentar agarrar as pombas, para depois as tingir de negro. Chamavam-lhe louco porque passava os dias a tentar recordar aquilo que todos querem esquecer. De tanto lhe chamarem louco...enlouqueceram.