Recebes a notícia da minha morte embrulhada em papel pardo, do chique. Estranhas a mórbida missiva que alguém fez o favor de deixar entalada entre o tapete e os dentes do cão, que aceita naturalmente que o carteiro passe duas vezes no mesmo dia,ainda que seja feriado.
A primeira carta ainda ali está, poisada em cima da mesinha do telefone. Não consegui ler na íntegra, porque uma vez mais o cão chegou antes de mim. Apenas percebi que não entendias porque não havias de poder dormir cem anos e acordar como se nada fosse.
Agarro na carta e nos dentes do canídeo que, desconfiado, se põe a rosnar.
Deixo-te de vez. E vou de cor-de-rosa ao teu funeral.